Foto: Laerte Késsimos
Ambientada numa casa real a montagem convida o público a uma experiência provocadora
A partir de 20 de junho a Casaurora, em São Paulo, recebe a temporada de “Uma Casa de Boneca” a qual propõe atualizar o clássico escrito em 1879 pelo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906). Se nos dias atuais falar de patriarcado e opressão contra mulheres provoca calorosas discussões imagine como esses temas eram tratados há mais de 100 anos.
Henrik Ibsen, pai do “drama em prosa” e um dos criadores do modernismo no teatro, ganhou notoriedade dentro e fora da Escandinávia, após escrever o texto que abordava a exclusão das mulheres na sociedade burguesa patriarcal,
Nesta nova encenação que chega à zona oeste paulistana com adaptação de Lívia Camargo as sessões serão gratuitas, com rodas de conversa entre elenco e público e ações formativas. Lívia Camargo também codirige a peça ao lado de Georgette Fadel, além de atuar num elenco completado por Paula Aviles, Gustavo Vaz, Edson Duavy e Kleber di Lazzare.
“Uma Casa de Boneca” traz produção de prima com visagismo, vídeos e músicas ao vivo e muito apuro cênico e visual. Porém o grande diferencial desta montagem está no fato de ser ambientada numa casa real, em que, à medida que a trama se desenrola a plateia toma os cômodos ficando, literalmente, cara a cara com o elenco. Essa proximidade torna a experiência intimista e provocadora ficando mais impactante nos momentos de tensão, discussões ou silêncio.
Segundo Georgette Fadel “os temas incorporados pela nova adaptação já estavam latentes no próprio texto de Ibsen, que fala de estruturas que se protegem e se perpetuam”.
“Encenar a peça dentro de uma casa real contribui para aprofundar a experiência do público. É como na vida: se você está posicionado de um jeito, entende uma coisa; de outro, entende diferente”, afirma a diretora. Para ela a movimentação pelos ambientes da casa, os ruídos reais e a proximidade com os atores criam uma tensão particular, “transformando o espectador em quase um voyeur da intimidade daquela família”.
De acordo com Lívia Camargo o texto escrito por Henrik Ibsen há mais de um século é incrivelmente atual. “Vemos mulheres vivendo relações abusivas por anos, saindo destruídas, sem autoestima. O gesto de Nora, ao bater a porta, ainda hoje nos inspira a romper e reconstruir. Ibsen escreveu sobre uma mulher burguesa, mas hoje ele precisa incluir a mulher periférica, racializada, com filhos. O ato de bater a porta é quando ela percebe que só ela pode mudar a própria vida. E essa consciência é revolucionária”, conclui Camargo.
SERVIÇO
Uma Casa de Boneca
Estreia dia 20 de junho, quinta, às 20h
Temporada: De 20 de junho a 27 de julho
Sextas e sábados, às 20h. Domingos às 19h.
Sessões vespertinas: Dias 19 e 26 de julho, sábados, às 17h30.
Capacidade: 60 lugares. Duração: 120 minutos. Classificação indicativa: 16 anos.
Ingresso: Gratuito
Casaurora
Rua Plínio de Morais, 401, Sumaré, São Paulo – SP
Telefone: (11) 98578-774