Meu reino por 200 bois

Foto: Divulgação Montagem retrata momento histórico de sequestro da cidade do Rio de Janeiro no século XVIII O título acima […]

Foto: Divulgação


Montagem retrata momento histórico de sequestro da cidade do Rio de Janeiro no século XVIII

O título acima é referência a icônica frase “meu reino por um cavalo”, proferida por Ricardo III, na peça homônima de Shakespeare, de 1592, durante a Batalha de Bosworth. A expressão se popularizou séculos afora deixando evidente como alguns detalhes, no caso a falta de um cavalo, podem mudar os rumos de eventos extraordinários, além de refletir sobre poder e ética.

Os bois em questão fazem alusão a um momento histórico acontecido no Rio de Janeiro, mais precisamente 21 de setembro de 1711, quando o corsário francês René Duguay-Trouin (1673-1736) invadiu a capital do Brasil na época, exigindo um resgate dos governantes portugueses para libertá-la.

Se não fosse atendido Duguay-Trouin ameaçava incendiar a cidade do Rio de Janeiro, naquele momento com 12 mil habitantes. Pouco mais de um mês depois, os portugueses pagaram o resgaste composto por 600 quilos de ouro, 610 mil cruzados, cem caixas de açúcar, os já citados 200 bois, escravos e dezenas de outros itens.

Corta para 1985. O episódio serviu de inspiração para o dramaturgo e diretor teatral Augusto Boal (1931-2009) escrever “O Corsário do Rei”, a qual estreou naquele ano no Teatro João Caetano, na Cidade Maravilhosa. Produzida no delicado período de transição ditadura militar/democratização, depois de 21 anos, a peça causou impacto e polêmicas. A trilha sonora, composta por Chico Buarque e Edu Lobo, rendeu um álbum com onze faixas como “Choro Bandido”, “Tango de Nancy”, “Bancarrota Blues”, “Salmo”, além da faixa-título.

Estudada e revisitada nestas quatro décadas “O Corsário do Rei” terá sessões nos dias 10 e 11 de dezembro no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. O espetáculo coral musical traz o Coro da Vila interpretando trilha sonora com arranjos inéditos de Lobo e Buarque e muitas reflexões históricas e atuais.

Com regência e direção musical do Maestro César Cerasomma e condução ao piano de Gustavo Sarzi o Coro da Vila interliga as músicas num formato leve, envolvente refletindo temas atemporais. Imperdível.

SERVIÇO

O Corsário do Rei – Coro da Vila
Dias: 10 e 11 de dezembro, quarta e quinta-feira, às 19h
Ingressos: R$ 70,00 (inteira) | R$ 35,00 (meia-entrada) www.sympla.com
Teatro Sérgio Cardoso – Sala Paschoal Carlos Magno

Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista, São Paulo/SP
Duração: 80 minutos
Classificação: Livre
Capacidade: 143 lugares + 6 espaços para cadeirantes

Nelson de Souza Lima

Nelson de Souza Lima

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