
Foto: Julio Arakack Em monólogo emocionante a atriz relata a experiência devastadora de perder a filha O dia 24 de […]
Foto: Julio Arakack
Em monólogo emocionante a atriz relata a experiência devastadora de perder a filha
O dia 24 de novembro de 2015 é provalvelmente o mais triste para a atriz e dramaturga Daniele Tavares. Data que marca a morte precoce de sua filha aos 21 anos em circustâncias obscuras e sem causa definida. Passados dez anos desse trágico episódio a atriz volta aos palcos para homenagear a filha no espetáculo “Etiqueta do Luto – ningúem pergunta nada à mãe da filha morta”, em cartaz até 15 de dezembro, no Teatro Pequeno Ato, em São Paulo.
A direção segura de Marcelo Varzea dá ao texto e atução de Daniele subsídios para que acompanhemos a “narrativa em que memória e presença se confundem, num esforço de elaborar o luto e saudade que não passa”.
“Minha filha sonhava em ser atriz, e de alguma forma, estar novamente no palco é um reencontro com ela — um modo de seguir perto, de continuar o diálogo que a vida interrompeu. No início, precisei dar espaço para que a mãe pudesse aparecer. E, aos poucos, quando ela se sentiu em um lugar seguro, deixei que viessem à tona todas as minhas dores, medos e culpas. À medida que o processo foi se delineando, fui conseguindo o distanciamento necessário para criar como escritora e como atriz”, revela Tavares.
A necessidade de expor ao mundo as dores e questões urgentes como a saúde mental na adolescência e juventude e regulamentação de medicamentos em nosso país levaram Daniele a escrever em 2023 o livro “Parte de mim”, no qual abordava de maneira poética essa experiência. Agora, seguindo o caminho inverso, “Etique do Luto – ninguém pergunta nada à mãe da menina morta”, será lançado em livro pela Editora Giostri, com dramaturgismo de Marcelo Varzea, Mariela Lamberti e Bruno Rods.
Sobre a nova obra a atriz/escritora diz: “No início, o Marcelo desconstruiu o meu livro e reorganizou alguns trechos como provocação e ponto de partida para esse novo texto. A partir daí, comecei a acrescentar novas informações, novas memórias. E as perguntas instigantes do Marcelo e do Bruno Rods sobre o que havia acontecido me levaram a buscar respostas para questões que eu mesma ainda não sabia responder. O texto nasceu um pouco a cada dia — junto com as pesquisas, os ensaios e as lembranças que iam voltando em cada conversa. Foi um processo muito vivo, delicado e transformador, em que a dor foi, aos poucos, se convertendo em palavra, em cena e, finalmente, em arte”.
Para Marcelo Varzea as memórias de Daniele sobre a perda da filha foram o fio condutor do dispositivo dramatúrgico em que o real é atravessado por elaboração poética e exercício de imaginação.
“O solo inscreve-se nesse território híbrido em que memória, corpo e palavra formam um gesto político contra o esquecimento. Minha prática tem sido criar dispositivos de presença que encenam o real e confessam o ficcional, abrindo espaço para que a plateia experimente um campo de ambiguidade produtiva entre relato e invenção. Não me interesso, de maneira contundente, por nada no teatro que tenha caráter espetacular ou virtuosístico. Tenho me atido à cena crua, ao teatro essencial, em que ator, atriz, texto, luz, alguma ambiência sonora e elementos mínimos de cenografia bastam para instaurar o acontecimento. O que me move é o contato direto, o jogo vivo entre artista e plateia e entre atores e atrizes. A contracena em cena ou a experiência compartilhada com o público é, para mim, a substância do teatro. Cada vez mais essencial”, conclui Marcelo Varzea.
O espetáculo está em cartaz na região central de São Paulo com sessões de sexta à segunda-feira. Confira
SERVIÇO
Etiqueta do Luto – ninguém pergunta nada à mãe da menina morta
Temporada: 8 de novembro a 15 de dezembro de 2025
Às sextas, aos sábados e às segundas, às 20h; e aos domingos, às 19h
Teatro Pequeno Ato – Rua Dr. Teodoro Baima, 78 – República – São Paulo – SP
Ingressos: R$ 80 (inteira) | R$ 40 (meia-entrada)
Vendas online em https://www.sympla.com.br/produtor/danieletavares
Telefone: (11) 996428350
Capacidade: 40 lugares
Acessibilidade: o espaço não possui acessibilidade para pessoas cadeirantes ou com mobilidade reduzida.
Redes Sociais: @etiquetadoluto @coletivoimpermanente



