O crime nosso de cada dia

Foto: Divulgação Hoje pela manhã uma megaoperação da Polícia Federal (PF), empreendida em vários estados, identificou e prendeu criminosos virtuais […]

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O Crime Nosso De Cada Dia

Hoje pela manhã uma megaoperação da Polícia Federal (PF), empreendida em vários estados, identificou e prendeu criminosos virtuais acusados de cometer abuso sexual contra crianças e adolescentes. A operação objetiva acabar com as atrocidades cometidas pelos predadores sexuais, presentes em todas as camadas sociais e diferentes profissões, majoritariamente homens.

Esse é um retrato do quanto a sociedade está exposta a violências impetrada por criminosos que não têm perfil definido. O cara com quem você conversa, aquele “gente de bem”, pode na verdade, ser um monstro inescrupuloso.

Indo nessa linha a dramaturga e diretora Bella Rodrigues criou o espetáculo “O Julgamento de um Homem Bom”, que terá temporada de 23 de outubro a 2 de novembro, no Teatro de Arena, em São Paulo. Musical feminista expõe a linha tênue entre crime e piadas “inofensivas”, características próprias masculinas, escancarando misoginias estruturais e questionando o alto índice de violência contra mulheres.

Quinta montagem do Grupo Matamoscas Teatral “O Julgamento de um Homem Bom” tem no elenco Ana Alencar, Carlos Comédias, Franco Cammilleri, Isabella Sabino, Larissa Fujinaga e José Pedro, também responsável pela direção musical, sendo uma investigação da constituição da masculinidade cis e a suposta diferença entre “homens bons” e “maníacos do parque”.

Segundo Bella Rodrigues, os chamados “homens bons”, pais, irmãos, namorados e amigos, revelam atitudes que parecem inofensivas, porém carregadas de violência herdada do patriarcado. As canções autorais e irreverentes indo do jazz ao funk, versam situações absurdas e piadas feministas, provocando riso sobre o que seria um “nice guy”, o cara bonzinho.

“O riso é explorado como resistência política e o musical foi criado para divertir o público com uma comédia cheia de ironia lidando com temas complexos. Essa é uma das principais marcas do grupo Matamoscas Teatral. Queremos que o oprimido ria e se reconheça fortalecido, e que o opressor saia constrangido”, resume Rodrigues.

No palco da região central, durante 80 minutos, o público acompanha o tensionamento de símbolos do corpo e da feminilidade. As atrizes estão completamente vestidas, enquanto os atores ficam seminus. Tabus como calcinhas e cuecas sujas, corrimento, menstruação e pelos corporais, caem por terra e são expostos de maneira cômica.

“Queríamos falar de coisas abafadas, que passam despercebidas, e colocá-las no centro de números musicais extravagantes. São pequenos crimes e machismos cotidianos que viram espetáculo. O público se depara com o que não é dito, com o que costuma ser escondido”, finaliza Bella Rodrigues.

Ao final de cada sessão o público é convidado a escrever em papéis, de forma anônima, os nomes de assediadores e abusadores. Essa exposição no palco cria um espaço coletivo de denúncia.

SERVIÇO

O Julgamento de um Homem Bom, do grupo Matamoscas Teatral
Local: Teatro de Arena

Rua Dr. Teodoro Baima, 94 – Vila Buarque – São Paulo – SP

Temporada: 23 de outubro até 2 de novembro de 2025
Horários: Quintas, sextas e sábados, às 20h; domingos, às 19h
Ingressos: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia)
Classificação indicativa:16 anos
Duração:80 minutos

Gênero: Comédia Musical

Capacidade: 99 lugares

Redes sociais: @matamoscasteatral

Nelson de Souza Lima

Nelson de Souza Lima

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