Foto: Nadja Kouchi
Novo texto de Samir Yazbek discute vida e morte e o que nos impulsiona a realizar sonhos
A partir desta sexta-feira, 15, o Teatro Alfredo Mesquita, zona norte de São Paulo, recebe em curta temporada o espetáculo “Corpo Intruso”. Texto inédito do premiado Samir Yazbek traz a direção de Pedro Granato e no elenco Luciana Shiwinden, Sílvio Restiffe e Julia Terron.
Flertando com o absurdo a montagem é ancorada numa história contemporânea na qual uma professora de língua portuguesa do ensino médio, está num leito de hospital, acometida por uma doença misteriosa. A relação com o marido vai ladeira abaixo, desgastada pelo tempo e só se mantém pelos símbolos convencionais do casamento e aparências.
A visita de uma aluna apaixonada por literatura a faz questionar sua visão de mundo, revendo a relação com o marido e como levar adiante sua própria existência.
Para Samir Yazbek a percepção da realidade como “absurda” surgiu a partir da análise de um contexto social em que as pessoas passaram a se fechar cada vez mais em suas próprias certezas.
“Há um elemento de classes nessa análise, representado pelas elites brasileiras, que cristalizaram uma postura avessa ao contato com o outro ou com o diferente. Mas esses abismos, na peça, também são explorados por meio das relações interpessoais e intrapessoais: ver o macro da sociedade por meio do micro das relações humanas”, explica Yazbek.
Durante 90 minutos o clima de “suspense intimista” permeia a peça e, de acordo com Pedro Granato, “mesclar o mistério e o drama em um ambiente hospitalar de maneira a criar uma história equilibrada e ”temperada” foi o maior desafio na construção do texto”.
“Corpo Intruso” também se inspirou na “dimensão psíquica das personagens de Ingmar Bergman, para falar sobre o sofrimento da protagonista, e em autoras como Virginia Woolf e Rosa Montero, sobretudo na perspectiva crítica que apresenta sobre a dinâmica das relações humanas e o papel da mulher na sociedade”.
Ainda segundo Samir Yazbek, “a renovação da dramaturgia está ligada ao seu estudo e à sua prática, mas também à sua relação com o público”
“A peça busca essa relação por meio das perguntas que oferta à sua plateia: ”como saber se e quando devo deixar que o outro se aproxime de mim? Devo me aproximar dele? Ele me oferece riscos? Que riscos ele me oferece?
“Vale a pena correr esses riscos? Vale a pena me expor para o outro? Afinal, quem é o outro?”, elenca.
“Parodiando ”Quem Tem Medo de Virginia Woolf”, importante peça de Edward Albee, cujo universo temático e formal também foi referência para Corpo Intruso, indaga-se: “quem tem medo do outro?”, conclui o autor.
SERVIÇO
Corpo Intruso
Estreia: 15 de março
Temporada: De 15 a 31 de março – Sextas e Sábados às 21h, Domingos às 19h.
Ingressos: R$20,00 https://www.sympla.com.br/produtor/jessicarodrigues
Classificação etária: 14 anos
Duração: 90 minutos
Teatro Alfredo Mesquita
Endereço: Av. Santos Dumont, 1770
Capacidade: 40 lugares
Estacionamento gratuito