Região se prepara para a instalação de três novos pedágios com concessão da Rodovia Tancredo Neves; veja detalhes sobre locais, valores e investimentos bilionários
Na semana passada, o Governo do Estado de São Paulo deu início a uma série de audiências públicas para apresentar a proposta de concessão do chamado Lote Rodoviário do Circuito das Águas. O projeto abrange a gestão de aproximadamente 533 quilômetros de rodovias da região, um pacote que inclui trechos atualmente sob responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo (DER/SP) e da concessionária Renovias. A concessão, com prazo de 30 anos, prevê um investimento robusto de mais de R$ 10 bilhões para modernizar a infraestrutura, implementar novas tecnologias de tarifação e aumentar a segurança nas estradas.
Entre os trechos incluídos no projeto estão a SP-332, popularmente conhecida como Rodovia Tancredo Neves, e a SP-354, a Rodovia Edgard Máximo Zambotto, que interligam municípios como Caieiras, Cajamar, Campinas e Jundiaí. Além disso, a concessão contempla não apenas a manutenção, mas também significativas melhorias ao longo de toda a extensão das rodovias. Essas obras incluem a construção de passarelas, ampliação e duplicação de faixas de rolamento, modernização da iluminação em áreas urbanas e a criação de acostamentos mais seguros.
Um dos grandes diferenciais do projeto é a introdução de um sistema inovador de cobrança automatizada, chamado de “free flow” (fluxo livre). Este sistema elimina a necessidade das tradicionais praças físicas de pedágio, permitindo que os motoristas sejam tarifados automaticamente ao passar por pórticos instalados em locais estratégicos. A tecnologia promete reduzir os congestionamentos e oferecer mais praticidade aos usuários das rodovias.
Locais dos novos pedágios
Durante as audiências públicas realizadas nesta semana, foram divulgados os locais inicialmente planejados para a instalação dos pórticos de pedágio do sistema free flow. Os pontos selecionados são:
- Km 28, em Laranjeiras, Caieiras – Localizado próximo à padaria Center Pão, este pórtico deverá atender tanto os motoristas locais quanto o fluxo de veículos oriundos de outras regiões.
- Km 42, em Franco da Rocha – Próximo às instalações do Mercado Livre, um ponto estratégico considerando o intenso tráfego de veículos comerciais na área.
- Km 48, na Serra dos Cristais, Franco da Rocha – Localizado no sentido Jundiaí, este pórtico visa atender ao trânsito intermunicipal da região.
Controvérsias e debate público
Apesar das promessas de melhorias, o projeto enfrenta resistência nas comunidades locais. Moradores e lideranças regionais expressaram preocupação durante as audiências, apontando possíveis impactos negativos, como o aumento no custo de vida e o isolamento de bairros em decorrência dos novos pórticos. Muitas cidades afetadas temem que a instalação dos pedágios possa sobrecarregar ainda mais os cidadãos, especialmente em áreas urbanas onde o trânsito local é mais intenso.
Além das questões econômicas, outros fatores foram levantados, como o impacto ambiental e a transparência na utilização dos recursos arrecadados. Embora o sistema free flow tenha sido destacado como uma solução eficiente e moderna, há dúvidas sobre como ele será implementado e fiscalizado.
Cronograma e próximos passos
De acordo com o cronograma apresentado pelo Governo do Estado, o sistema de pedágio automatizado está previsto para entrar em operação até novembro de 2026. Até lá, novas audiências públicas serão realizadas para discutir os detalhes do projeto e ouvir as demandas da população e de entidades representativas.
Ainda em 2025, espera-se que o projeto seja formalizado e encaminhado para licitação. No entanto, a crescente insatisfação com a instalação dos novos pedágios sugere que o processo poderá enfrentar desafios significativos, incluindo mobilizações contrárias por parte da sociedade civil e possíveis ajustes no plano inicial.
O debate continua em aberto, e tanto o Governo quanto os cidadãos aguardam os desdobramentos das discussões. O equilíbrio entre o progresso da infraestrutura e as demandas locais será crucial para que o projeto avance de forma sustentável e eficaz.