Após repercussão positiva, afinal a iniciativa é digna de aplausos, uma polêmica cerca as famosas casinhas, que recebeu o nome de ‘Cãodomínio”, para abrigar cachorros de rua na região central de Francisco Morato. Tudo corria bem até que esses lares provisórios foram transferidos para outro local e depois retirados e nunca mais repostos deixando aos animaizinhos desabrigados.

Dilma Senhorini, que é diarista e idealizadora do projeto, além de responsável pelos aplausos e elevar o nome do município quando da criação desses abrigos, hoje busca resposta sobre o porquê do abrigo ter sido descontinuado. “Foi tudo muito lindo e o objetivo alcançado que era de atender esses animais de rua. Tudo começou com o trabalho de alimentar os cães que viviam em situação precária. Mas a necessidade ia além da alimentação e comecei a resgatar. Então, comecei a fazer casinhas de papelão e colocar no terminal onde eles ficavam”, disse Dilma.

Segundo ela, com a repercussão das matérias de televisão, a prefeitura e a empresa de ônibus da cidade se envolveram com o projeto. “Estava tudo certo até eles serem retirados quando da inauguração da nova estação de trem. Jogaram fora e ninguém se responsabilizou. Por conta disso, fiz uma live e o vídeo viralizou na internet. Com tamanha repercussão, a empresa de ônibus doou algumas casinhas de plástico para serem colocadas em uma área fora do terminal, mas em espaço que alaga e conta com moradores em situação de rua. O local até ganhou o nome de ‘Cãodomínio’, falou Dilma.

De acordo com a diarista, o vídeo ainda trouxe outros resultados positivos. “Eu e os seguidores da minha página SOS – Anjos de Morato realizamos todo trabalho e todos ganharam fama. Tanto que uma ONG de São Roque acolheu 34 animais e realizou todo tratamento necessário após nos ver em uma matéria na televisão. Quem ganhou com isso não fui eu que continuo sendo diarista e sem condições de abrigar os animais. Mas o resultado do nosso trabalho foi positivo e dos quase 40 cães que ficam no terminal foi reduzido a cerca de 10”, explicou.

Em busca de respostas, Dilma cita que ocorreram três reuniões em dezembro de 2021 entre ela, prefeitura e a empresa de ônibus. “Disseram que moradores de rua passaram a invadir o ‘Cãodomínio’ e impediam que os cães ficassem abrigados. Sem que eu soubesse retiraram as casinhas, mas prometeram que colocariam em outro local. Como nada aconteceu após essas reuniões, pedi ajuda ao vereador Rodrigo Marrone, pois chegaria a época de frio e cães poderiam morrer. Sei que ele conversou com a empresa de ônibus, mas passou janeiro, fevereiro e até hoje nada foi feito. Vários cães ficaram doentes e dois morreram de pneumonia. Um deles em meus braços”, relatou.

Dilma que vive pela causa animal fez um desabafo e torce para um desfecho rápido e positivo. “Acho um desaforo ter de ficar cobrando, me humilhando para cumprirem o que prometeram. Me dedico tanto e chego a abrir mão da minha vida. Até disse a eles que se permitissem, eu mesma faria as casinhas de papelão novamente e tiraria depois que passar o período de frio. Não quero ficar cobrando, acusando, culpando esse ou aquele. Mas quero saber porque não recolocaram as casinhas. Hoje, precisam de umas oito”, reforçou, lembrando que o intuito nunca foi moradia e sim que sirva de forma provisória aos cães.

Como Dilma não conta com verba da prefeitura, ela busca parceiros para ajudar na manutenção desse trabalho. Visite a página SOS – Anjos de Morato no Instagram e Facebook.

A prefeitura de Francisco Morato, o vereador Rodrigo Marrone e a empresa de ônibus foram procurados para se manifestar.

O único a se manifestar foi parlamentar. Ele disse que dentre as causas que defende, uma delas é a defesa dos animais, principalmente os abandonados. Por isso, quando foi procurado pela sua amiga Dilma, para auxiliá-la no acolhimento dos animais que ficam nas redondezas do terminal de ônibus de Francisco Morato, prontamente telefonou ao responsável pelo local pedindo autorização para colocar as casinhas em um canto, onde não há trânsito de pedestres e, portanto, não atrapalha os usuários do transporte público.

Completou dizendo que acredita não ser ali o melhor local para acomodar os cãezinhos de forma definitiva, mas até que seja definido outro lugar adequado para recebê-los ou, pelo menos, até que o inverno passe, prefere agir com o carinho e respeito que os cãezinhos merecem.

A prefeitura e a empresa de ônibus não encaminharam resposta até o fechamento da edição. O jornal Regional News mantém espaço aberto para manifestação dos envolvidos.