Os contrapontos e limites da alma

Os contrapontos e limites da alma

Foto: Ronaldo Gutierrez

 

Texto inédito de Bernard Shaw propõe uma discussão em torno da arte e ciência.

“O pior pecado contra nosso semelhante não é o de odiá-los, mas de ser indiferentes para com eles”.
A frase acima dita pelo ensaísta e dramaturgo irlandês Bernard Shaw (1856-1950) se liga diretamente ao texto “O Dilema do Médico”, escrito em 1906, o qual ganha a primeira montagem brasileira dirigida por Clara Carvalho.
O espetáculo estreia nesta quinta-feira (19), no Auditório do MASP, região central de São Paulo expondo os contrapontos e limites morais, amorais e imorais da alma humana. Ambientada na Londres do ínício do século XX, a trama nos apresenta o Dr. Sir Colenso Ridgeon (Sérgio Mastropasqua), que acredita ter descoberto a cura da tuberculose. Essas doenças e vírus que nos atormentam há milênios.
Ridgeon só pode acolher mais um paciente e a dúvida o leva uma encruzilhada: escolher o jovem artista plástico, talentoso e amoral Louis Dubedat (Iun Saraiva) e o integro modesto e moral médico Dr. Blenkinsop (Luti Anglelleli). Pressionado por Jennifer (Bruna Guerin), esposa de Dubedat, que insiste na cura do marido, o doutor tem diante de si uma escolha de vida ou morte.
Apesar de escrito há mais de cem anos “O Dilema do Médico” evidencia questões expostas por Shaw que atravessam gerações.
Para Clara Carvalho o texto tem várias camadas, sendo num primeiro momento uma sátira médica. “Ele apresenta uma conjuntura em que a ciência é tão debatida nos meios de comunicação, sobretudo desde o começo da pandemia de Covid-19. Porém, ele traz também uma discussão sobre escolhas e uma reflexão sobre a potência da arte. Antes de ser dramaturgo, Shaw foi crítico de arte e de música e a arte era sua verdadeira paixão. A peça mostra que a ciência acaba sempre perdendo o jogo para a morte, mas a grande arte sobrevive. A vida humana física acaba, mas a música e as obras de grandes pintores têm um encanto que permanece”, diz a diretora.

Assim como em outros textos de Bernard Shaw, temos aqui também uma forte presença feminina. Nesta montagem a força se manifesta por intermédio de Jennifer que, de acordo com Clara Carvalho é moderna e empoderada.

“Shaw acreditava que a mulher era portadora da Força Vital, e que as grandes transformações no mundo aconteciam através delas. Jennifer, a protagonista de “O Dilema do Médico”, não é apenas uma bela mulher, ela é a personificação da arte e é ela que vai desmontar a presunção masculina e a onipotência científica. As mulheres de Shaw sempre são capazes de ver mais longe e de dar a volta por cima. Elas são contemporâneas e admiráveis”, conclui Carvalho.

SERVIÇO
O Dilema do Médico
Estreia: 19 de janeiro (quinta-feira)
Auditório do MASP
Av. Paulista, 1578
Temporada: até 26 de março
Sextas e sábados: 20 horas
Domingos: 19 horas
Ingressos: R$ 60,00 e R$ 30,00
Capacidade: 344 lugares
Classificação: 14 anos
Duração: 120 minutos
Inf: https://masp.byinti.com/#/event/o-dilema-do-medico

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